quinta-feira, 25 de junho de 2015

Ela só queria escutar
O que ele não podia dizer
Foi bom enquanto durou
Mas que bom que acabou

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É no silêncio que se escutam as mais inaudíveis coisas.

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Já não escuto mais aquele nosso silêncio.
Joguei meu celular da passarela. 

Ele caiu entre carros e motos, sem atingir ninguém. Os pedestres gritavam, os carros transitavam normalmente na avenida. A chuva penetrava no circuito interno do aparelho. Bateria jogada longe. Tampa de trás estraçalhada no asfalto.

Após um segundo de perplexidade, desci correndo a rampa da passarela. Havia esperança de recuperar ao menos o chip. O trânsito parou para que eu alcançasse o celular. Em pedaços. Molhados.

Joguei R$600 da passarela.

Um secador de cabelo fez evaporar a água que ainda restava. A tampa de trás se mostrou dispensável.

Recuperei meu celular da passarela. 
Como água escorrendo entre os dedos
Não consegue segurar
A vontade de ir embora
Correr e não parar
Isso seria uma surpresa
Para ela e para os demais
Que pensam saber o que ela almeja
Sem saber do que é capaz
Um dia ela grita
Ou vai continuar entubando
Até quando...

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Ele está indo e ela não vê